with a broken heart

Todo mundo já sentiu saudade. Quando um amigo ou familiar vai viajar, quando a gente fica muito tempo sem falar com alguém ou quando a gente fica longe de casa. Nem todo mundo, porém, já sentiu aquela saudade quase insuportável.
Acho que a pior sensação do mundo é a saudade de alguém que a gente nunca mais vai poder abraçar. E a angústia, que vem no pacote.
Seis meses atrás, eu comecei a sonhar muito com uma coisa, e toda vez eu acordava desesperada, chorando muito. Nesses sonhos, tinha sempre a mesma pessoa e era sempre a mesma sensação. De partida, perda.
O fato é que seis meses atrás, eu recebi a pior ligação que eu já recebi. As palavras que minha amiga proferiram ao telefone acertaram o meu peito feito uma bomba, que me fez desmoronar. "O Vitor! O Vitinho! Faleceu hoje!" "Tem certeza? Como assim?"
Repasso a cena na minha cabeça, como um filme. Lembro de cada detalhe. Lembro das palavras escapando de mim, junto com o meu fôlego.
17 anos.
Ensino Fundamental. "Não! Não coloca ele sentado do lado da Juliana não, Tia! Eles vão se matar!"
Anos voam.
Ensino Funtamental. "Tu é como uma irmã pra mim."
Anos voam.
"O Vitinho! Que estudava com você! Morreu hoje, em Cambui!"
Uns dias atrás, me falaram que uma cartomante, espírita, taróloga, ou sei lá o que, disse que ele não queria ir. Disse que ele foi pego de surpresa, e por isso, queria se despedir dos seus amigos, das pessoas que ele ia sentir saudade, que fariam falta. Apareceu nos sonhos.
Eu tentei segurá-lo o mais forte que eu pude, mas não foi suficiente. Acordei. Lágrimas.
Hoje, saber disso me conforta um pouco. Apareceu pra mim, gostava de mim. Carinho enorme. "Que nem uma irmã!"
Foi cedo demais, foi rápido demais, inesperado demais.
O buraco que ficou, não vai se preencher. Nunca.
Mas o não sentimento de culpa ou arrependimento, também confortou . Brigávamos muito. Feito irmãos. Uma coisa, porém, nós dóis sabíamos. A gente sentia falta de se ver todo dia, de brigar, de rir, de ir pra diretoria. Eu sei o tamanho do carinho que ele tinha por mim, do mesmo jeito que sei que ele também tinha certeza do carinho que eu tinha e tenho por ele.
Levo na carteira cartas dele, e na memória, momentos e palavras.

Vitor Afonso Toledo Macorin, eu te amo e sinto a sua falta, todos os dias.